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Reunião escolar

por Ivone Neto, em 27.09.24

Hoje durante a reunião bimestral, ouvindo as mães e professores conversando, fiquei refletindo sobre as aflições e alegrias maternais no espaço escolar. A caminhada é árdua em variados contextos. A escola é um corpo vivo formado pelos professores e toda equipe, pelos alunos e a comunidade. Há erros e acertos de todos os lados e conciliar essa relação exige muita flexibilidade e respeito. Para além da pauta do dia, das notas, boletins, reclamações, elogios e comunicados, meu olhar segue atento a outros reflexos desse encontro bimestral.

A presença das mães é MAIORIA. Hoje mesmo, nos andares que circulei, já que tenho 2 filhos em anos diferentes, não cruzei com nenhum pai. Infelizmente isso é recorrente. Meu pai nunca foi a nenhuma reunião escolar nossa. O pai dos meus filhos também não. É um retrato de um dos quesitos da carga dos ombros maternais. Será que é apenas obrigação da mãe acompanhar a educação dos filhos? A ausência paterna na reunião escolar denuncia muitas outras. Lembrei que certa vez, em uma das reuniões escolares, um pai estava presente e sua fala cuidadosa chamou atenção de todas as mães. Foi nítido a energia de admiração com sua colocação coerente. Não deveria ser raro assim.

A escola é um lugar de fala e escuta, de conflitos e conquistas, de amizades e formação. É uma multiplicação de saberes e etapas marcante na vida de muitos estudantes. A cada reunião encaro com esperança o papel da educação, ainda que enxergando no sistema muitas falhas, é uma potencialidade na formação de cidadãos. O aprendizado não se limita ao conteúdo pedagógico. São muitos fatores interligados no ambiente estudantil. Ensinar e aprender são verbos conectados nessa rede que envolve muitos atores. O papel de cada personagem é fundamental para seguir vencendo os desafios de cada ano letivo.

Eu poderia elencar outras observações afloradas na reunião escolar, tem muitas linhas e entrelinhas nesse enredo, capaz de render muitas pautas, para futuras publicações. Quero apenas enfatizar a importância de evitar comparações e rótulos, valorizar a diversidade e priorizar sempre uma abordagem respeitosa e empática na condução das atividades e relacionamentos. Para concluir, deixo aqui registrado minha admiração aos professores e colaboradores do Colégio Dom Henrique pela dedicação. Já são 10 anos que eu participo dessa caminhada. Tem muita estrada pela frente para seguir expandindo o universo aprendiz.

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Em um dos jogos interclasse, de um dos anos DH

publicado às 18:54

As ausências contadas

por Ivone Neto, em 07.06.20

Esse sábado foi o 13º sem churrasco. Contou meu marido em frente ao calendário as datas dos últimos fins de semana. Sua voz carregada de ausência dos churras cheios de alegria, canto, risadas e partilhas, que marcam nossos laços amigos. E temos um repertório de muitos com essa turma tão especial.

No quintal, na hora do Sol matinal do sábado, ele contempla seu canto. Sua expressão silenciosa diz tanto. Eu brinco falando de sua saudade e ele responde, com seu humor que tanto amo: “a churrasqueira está até com teia de aranha e tem mais cerveja perto de vencer.” Eu respondo: Eh vai ter que doar novamente (recentemente fizemos doação das que venceriam em maio. Foram bem aproveitadas). Rimos sobre essa possibilidade real de doar as cervejas que vencem no final de junho.

Meu marido não bebe sozinho, nunca bebeu. Gosta mesmo é de compartilhar presença, como ele diz: “ao vivo e a cores”. Nada de lives. Esses dias ele comentou que os amigos andam bebendo, não aguentam. Pergunto se ele quer ir. Ele diz que não, que só irá quando for possível. Eu tenho um orgulho imenso de sua postura. Apesar da falta que sente, ele tem sido firme na quarentena. Só saímos para trabalhar já que atendemos serviço essencial e para comprar mantimentos.

Sei que ele não vê a hora de acordar num sábado de sol e ajeitar tudo para receber os amigos. Eu torço com todo fervor para que isso aconteça o mais breve possível. Para vê-lo cantar a pleno pulmões a alegria dos encontros.

Das nossas saudades da quarentena. Registro 1102961919_3884122358265316_3358891187409623176_n.j

O pai no nosso canto do churrasco

 

publicado às 19:14

sobre ausência, saudades, vazio, plenitude

por Ivone Neto, em 16.11.18

Ontem a tarde a casa estava cheia. Barulho, risadas, bagunça na sala. Minha Isa, 10 anos, a instrutora da brincadeira. O primo João, o irmão Arthur, os amigos vizinhos Bia e Pedro. E a turma seguiu para piscina, água, sol, nuvens, mergulho. As mães conversando, o irmão lendo. O João foi ensaiando, primeiro as pernas, depois entrou de vez na piscina. Os pingos saltavam dos pulos do Arthur. E quando as nuvens densas e o vento retornaram na tarde do feriado e os lábios roxos surgiram decretamos a descida para os banhos quentes em casa. O Arthur resolveu ir com o João e tio Hique para dormir na casa da vovó Fátima. A Isa ficou um pouco mais e depois foi dormir na casa da amiga vizinha Lele. E ficamos, eu, o pai, o silêncio, o vazio e a saudade. Depois do banho, sentei na rede da varanda com meu amigo livro, sentindo o frescor da noite chegando. Na sala, no andar de baixo, meu marido assistindo ao jogo do seu time. Do céu nublado uma garoa fina nada primaveril. Depois dos capítulos, fechei o livro, os olhos e senti a plenitude da minha companhia. As letras, a história, as sensações, a gratidão do dia. Pensei na complexa e simples mistura da ausência e presença na jornada maternal. E no quanto o ciclo dos encontros e despedidas forma o enredo de nossas vidas. E eu e meu marido rimos juntos depois, de suas tiradas tão cheias de humor.

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publicado às 11:17


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