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A chegada do bebê

por Ivone Neto, em 05.01.25

Tenho recebido várias perguntas durante esse período da minha viagem missão e aos poucos vou tentando responder no meu Instagram. Uma delas tem a pauta maternal e resolvi também publicar nesse Blog já que o vídeo curto é só um ensaio diante da grandeza do tema. A questão: como é ajudar sua filha a cuidar de um bebê depois de tanto tempo? Sim o tempo aqui também está relacionado com a idade minha e dos meus filhos já que meu caçula completará em breve 13 anos. Sou avó agora da tríade da minha primogênita. Sim, nossa sintonia também é elementar. Então muitas marés já naveguei nesse caminhar maternal. Para começar, cada bebê é um novo recomeço e é impressionante como algumas coisas ficam gravadas e outras esquecemos.

A experiência de acompanhar a chegada da Alise está aflorando tantas memórias da maternidade e a oportunidade de refletir ainda mais sobre como é árduo e incrível ser Mãe. Cheguei na fase final da gestação da Bruna e Alise nasceu na mesma semana, 13/12/24. Lembro do medo que ela citou quando ouviu da médica que o parto já deveria acontecer no dia seguinte. Eu também, mesmo depois de ter passado por dois partos também tive medo quando foi o terceiro. Vamos crescendo, com erros e acertos, com cada fase nossa e dos filhos. A mãe da Peaches não é a mesma do Damian nem da Alise, assim como eu não sou a mesma mãe da Bruna, Isa e Arthur. E talvez por ter sempre um novo ciclo esquecemos de muitos detalhes dos anteriores.

Então vou descrever algumas observações dessas semanas intensas por aqui.

1 - como é difícil amamentar nos primeiros dias. Até pegar o jeito e o ritmo. No meu caso, Bruna e Isa foi mais leve e ligeiro. Arthur nasceu muito pequeno e a dificuldade foi maior. Sem contar que ele nasceu antes e meu leite demorou a vir o que me deixou apavorada. Hoje ele é o maior e foi o que mais mamou. O bico de silicone tem ajudado muito com Alise. A amamentação é importante demais e haja resiliência para atravessar os primeiros dias quando o peito está machucado.

2- como conseguimos dormir tão pouco quando passamos a noite amamentando? Como acordamos ao menor sinal do bebê? Que sintonia sagrada!

3- a paz de segurar o bebê no colo, observar o sono doce, o olhar e o cheiro do bebê, inesquecíveis. Coisa do sentir que enternece o coração.

4- Recordei do som do Sss, a forma de segurar perto do coração, o balanço no colo, sons e movimentos que ajudam acalmar o bebê por lembrar do ventre.

5- o banho relaxa o bebê e escolher um horário ajuda a definir um momento na rotina. A temperatura morna e o brincar na água é acolhedor.

6- como as crianças da casa reagem com a chegada do bebê? É uma adaptação gradativa e exige muita paciência. A atenção partilhada é um desafio porque o bebê tem emergências como amamentar que não dá para adiar. Tentar inseri-los em ações como pegar fralda, roupa ou outros acessórios vai ajudando.

7- eu me lembrei de como as mães aprendem a fazer as tarefas com 1 único braço enquanto o outro segura a bebê. Outra coisa que resgatei na memória, é utilizar a perna para balançar o carrinho enquanto preparava refeição ou outra atividade.

8- Como o momento do nosso banho é relaxante também! Um bálsamo, ainda que seja rápido e com a porta aberta do banheiro. Fiz tanto isso. Lembrei de uma cena da Isa, num dia que ela brincava sozinha tão concentrada e fui tomar banho e fechei a porta e me demorei porque lavei o cabelo. Quando sai ela estava deitada e dormindo no tapete da porta me esperando. Fiquei imaginando que ela dormiu chorando e fiquei desolada. Senti culpa, quem nunca?

9- não sei se aconteceu com vocês, mas o colo é angelical e o berço parece que tem espinhos algumas vezes. A bebê dorme serena no colo, até sorri sonhando com anjos, coloca no berço devagarinho e em segundos vem o choro.

10- crianças na escola, bebê dormindo, você com sono e cansada e um bocado de tarefas te chamando. Comida, roupa, louça e os tantos etcs do cuidado da casa. Dormir ou tentar adiantar alguma coisa? Quando se está sozinha, sem rede de apoio, a escolha é sempre a segunda alternativa. E que a força do além ampare minha filha Bruna porque logo voltarei ao Brasil.

É o AMOR por eles que move os seus passos e eu tenho um orgulho enorme em vê-la navegando nesse oceano desafiante. Como diz em Coríntios 13:13: Estas três coisas continuam para sempre: fé, esperança e amor. E o maior delas é o amor."

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Alise, 13/12/24. Que Santa Luzia te proteja. Amém

publicado às 02:07

Não dou conta, vou tentando

por Ivone Neto, em 22.11.24

Esses dias ouvi: “Quero um dia ser uma mãe desapegada como você.” Talvez eu nem seja tanto assim porque também escuto o oposto: “admiro como você é uma mãe dedicada para seus três filhos, eu não daria conta.” Diria que eu danço entre os extremos e busco um equilíbrio que inexiste na totalidade na jornada maternal. Somos uma Mãe em construção e as mudanças dos nossos ciclos e dos filhos são permanentes.

A primeira frase em resposta as viagens sozinhas dos filhos. A Elo foi esses dias para Aracaju, o caçula foi em julho e irá novamente mês que vem passar férias no sertão pernambucano, a primogênita mora no outro continente e eu viajarei em breve para o nascimento da baby menina, que completará sua tríade, igual a mãe aqui. Sou mãe e avó da dupla tríade, como diz o Galvão: haja coração! Os sacrifícios, demandas, alegrias, dores e amores dessa caminhada maternidade são desafiantes.

A segunda frase sobre minha ida para amparar minha primogênita. A sequência da conversa, como eu consigo conviver com essa saudade da filha e netos, como eu vou aguentar ficar longe dos outros dois durante esse tempo...respostas que não tenho e que vou desenhar no decorrer dos dias vindouros...um olhar lacrimejante junto das palavras amigas me abraçou. Tão bom se sentir tocada por quem te compreende. Eu vou tentando dar conta, eu sangro, eu choro, eu dou muita risada e mergulho no afeto.

Tem muita cobrança de todos os lados sobre a maternidade. Isso é certo, isso é errado, tem que fazer dessa forma, tem que dar atenção a tudo, ser a Mãe Maravilha impossível, escola, alimentação, brincadeiras, passeios e várias receitas prontas que não cabem na vida das mães, podem até orientar, mas cada fase é vivenciada de modo diferente, porque somos singulares embora semelhantes em algumas circunstâncias. Teu jeito e teu colo são únicos, o colo de minha mãe é um, da tia outro, do irmão e irmã, da avó outro ...

Não há características para definir tudo. Ainda que muitas palavras sirvam para nomear isso ou aquilo, nem a soma de várias será capaz de equacionar a dimensão da maternidade. Tenho aversão a rótulos. Eles querem enquadrar tudo em um formato. Padronizar o que não tem como se encaixar em tabelas rígidas. A elasticidade da maternidade é infinita e cada mãe vai enfrentando e aprendendo com os desafios. O que realmente necessitamos é mais respeito, acolhimento e empatia.

Onde encontro apoio? Na partilha com outras mães. Nesse espaço de troca que fortalece essa árdua e incrível estrada. Hoje mesmo é um dia para praticar uma vivência com mães amigas, num encontro despedida que vai me aquecer com o amor sul global para levar na bagagem para o inverno do Norte que me espera. Estou pronta para essa nova travessia? Não. Tenho a coragem para ser ponte e embarcarei inspirada por Coríntios 13:13: “Estas três coisas continuam para sempre: fé, esperança e amor. E o maior deles é o amor."

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benção dos colos, das mães, tia e avós

publicado às 10:45

Entre corres e pausas, dores e afetos

por Ivone Neto, em 19.09.23

Fico pensando que se o dia tivesse 48 horas, ainda assim teríamos a impressão de que faltaria tempo para todas as atividades, tamanha é a carga das nossas demandas. Sufocadas pela rotina sobrecarregada muitas mulheres estão sendo afetadas pelo burnout. Chegam no esgotamento mental que adoecem. Eu já conversei com tantas mães e notei pelo olhar, fala e gestos, o cansaço exalando. Muitas falando da culpa que sentem por não conseguirem realizar tudo. Conciliar esse mix é complicado e vamos sendo corroídas por medo, culpa, estresse...

Quantas mães depois de enfrentar uma noite mal dormida se levantam cedo para levar a criança na creche e seguir para o trabalho, mesmo o corpo pedindo sono e descanso? Quantas delas são sozinhas nessa tarefa da educação e cuidado com os filhos? Algumas porque realmente não tem companheiro e outras que, mesmo tendo, não contam com essa participação. Salvo algumas exceções, ser Pai é menos árduo que ser Mãe já que o peso maior está em nossos ombros, aliás, em todo corpo.

Uma das situações que vivi retrata bem o que muitas de nós passamos. Certa vez, o ramal da minha colega de sala do trabalho tocou e eu atendi, avisei ao superior do outro lado da linha que ela chegaria mais tarde por conta consulta de pré-natal. Fui levar o contrato do imóvel que ele solicitou e ao me aproximar ouvi sua fala com o outro diretor: “é assim na gravidez, quando a criança nasce é licença e depois vem pediatra, criança que adoece e outros etcs.”

A funcionária a que ele se referia marcava suas consultas no primeiro ou último horário do dia para atrapalhar o mínimo possível o expediente. Quantas mulheres são discriminadas na busca por emprego pelo fato de serem mães? Eu já trabalhei com muitas mães em equipes e nunca conheci profissionais mais comprometidas. Quantas mães não contam com rede de apoio e acabam abandonando seus projetos?

Existe uma pressão de que é função da mãe ser essa “mulher maravilha.” Nos cobram êxito em tudo. Não sei vocês, mas eu não dou conta de ser esse algoritmo da perfeição. Há uma cobrança algoz para sermos excelentes na profissão, na maternidade, nos padrões de beleza, para estarmos sempre exalando felicidade e etcs. Até um robô daria pane com tanta coisa. O sistema entraria em colapso!

Para não colapsar na minha agenda tenho estabelecido pausas dentro dos corres. Atualmente eu tenho o privilégio de trabalhar mais próximo de casa e flexibilidade no expediente. Na pauta tenho trabalho, casa, escola, futebol do caçula e as variáveis que surgem no caminho. O desafio é intercalar o meu cuidado dentro desse enredo. Tenho me esforçado para ampliar as frequências da caminhada, momentos para ler, idas ao clube de livros e o encontro mensal com amigas, sem marido e filhos. Ainda que eu falhe porque imprevistos acontecem, minha meta contínua é ter disciplina com o meu essencial tempo.

E você tem se colocado como prioridade? Sei que é difícil, principalmente para a maioria de nós mulheres/mães. Diante de tanta falta, ser presença para si é um ato de coragem e uma conquista de poucas, mas não deveria ser assim. Esse meu momento de escrita, por exemplo, é uma pausa sagrada para registrar essas percepções que pipocam aqui dentro e que sei são vivenciadas por tantas. Cada uma com seu diferencial, vamos nos encontramos nessa pluralidade da partilha de dores e afetos.

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Os passos que rezam e as folhas da caminhada

publicado às 20:18

Crianças de férias, mães trabalhando

por Ivone Neto, em 07.01.23

Um roteiro conhecido de muitas mães e pais que tem que se contorcer de muitas formas para atravessar essa fase. Nosso ano letivo tem duas férias anuais e nem sempre as dos pais coincidem com esses períodos. Não é fácil contornar essa ausência e nem sempre temos condições de programar passeios ou viagens. É um privilégio poder tirar uns dias de folga enquanto eles estão de férias escolares.

Eu digo isso aos meus porque conheço muitos pais que sequer tem recursos financeiros para uma ida ao teatro, cinema ou até um parque. Uma viagem de férias é um sonho nem sempre possível de realizar. Para uma parcela significativa da população falta até o básico. Muitas mães que dependem de creches e escolas tem que recorrer a parentes e amigos nas férias para driblar as dificuldades.

No meu caso, ainda passo sufoco nas férias escolares, mesmo hoje tendo como programar melhor minhas pausas. Eu já ouvi dos meus: “mãe porque você não é professora para tirar férias junto comigo?” É uma equação complicada para os pais que tem que se dividir e tentar alguma programação diferenciada, nem que seja na cidade onde moramos.

Para quem pode viajar tudo fica mais caro nessa chamada alta temporada.  Amarrar as férias apenas para julho e janeiro é um padrão que encarece e sufoca. Ano passado eu viajei em abril e o valor ficou muito mais acessível do que se eu tivesse ido em julho. Como a viagem foi programada com muita antecedência tive como negociar com a escola a reposição dos trabalhos. Na chamada baixa temporada as rodoviárias, aeroportos e outros lugares não ficam lotados como na alta, além de outros benefícios.

Aqui em São Paulo temos muitos atrativos e nem sempre conseguimos aproveitar. Uma boa dica são as atividades das unidades do Sesc que oferecem atrações esportivas, de lazer e culturais. Sempre tem uma programação especial de férias. Programas como o Recreio nas Férias, que acontece em Osasco, e que dá oportunidade para muitas crianças realizarem atividades de lazer nesse período, são excelentes iniciativas.

O clima das férias nem sempre é ensolarado. Em pleno janeiro chuvoso e até frio nesses dias aqui em São Paulo, um dos meus filhos, o caçula de 10 anos, está passando férias no sertão de Pernambuco, no sítio de sua bisavó, na companhia dos meus tios e primos. Além de ser uma experiência enriquecedora por tudo que ele está vivendo lá, é uma estratégia que me deixa segura em saber que ele está se divertindo na presença de pessoas que estimamos muito. É a primeira vez que ele viaja sozinho para tão longe. Ciente de que a saudade também ensina já estou pensando na programação das próximas férias.

Com esforço vamos tentando por aqui construir memórias afetivas das férias. Oxalá mais famílias consigam viver experiências valiosas nessa e em outras fases da vida. Todas as etapas maternais têm elementos árduos e aprendizes. Ser Mãe é um exercício dolorido e incrível.

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o Menino no sertão

publicado às 23:06

Sobre semelhanças, diferenças, desafios e partilhas maternais

por Ivone Neto, em 12.03.22

Já escrevi aqui sobre os desafios da maternidade com base nas minhas experiências. E observo também a caminhada de outras mães. Há muitas similaridades e também muitas diferenças, pontuando que cada uma de nós vai tecendo sua história de modo único. Quando falo em semelhanças é diferente de comparação. Aliás, tenho horror às comparações carregadas de rótulos e julgamentos. Quando rotulamos restringimos a visão, quando respeitamos e nos abrimos para novas percepções somos capazes de avançar na compreensão do outro, com mais empatia e amor.

Situações semelhantes como, por exemplo, o primeiro dia do filho na creche, os primeiros dentes, a primeira formatura, as espinhas, as primeiras paqueras, passeios com amigos...Sentimentos semelhantes como culpa, medo, dúvidas, alegrias, admiração...são semelhantes sim, no entanto, nosso sentir e ação diante deles são diferenciais. O modo como eu sinto ou reajo pode ser o oposto ao de outra mãe em um mesmo acontecimento. E não quer dizer que estou certa e ela errada. Somos humanas distintas. E todas nós vamos errando, ensinando e aprendendo, num ciclo contínuo.

Sou mãe de três e em cada fase fui amadurecendo. Fui mãe cedo, aos 19 anos. Quando a Isa nasceu eu tinha 33 e o Arthur eu já tinha 37 anos. São ciclos com transformações permanentes. A mãe da Bruna não foi a mesma da Isa nem é a do Arthur e eu sou a Mãe da tríade nessa metamorfose de mudanças. Ainda hoje quando me perguntam algumas coisas sobre cólicas e outras assuntos corriqueiros eu não sei responder. Gente tem coisas que parecem foram apagadas da minha memória. Algumas estão bem vivas como o cheiro deles, a canção de ninar dos três, o jeito de mamar. Agora se me perguntarem qual remédio para cólica ou o que fazer quando está nascendo os dentes, não vou saber responder, vou recorrer a minha farmacêutica de confiança. Quando é sobre outras pautas e o que não faltam são assuntos para as mães, eu partilho minha vivência, enfatizando que não quer dizer que é o certo e que cada uma vai aprendendo no dia a dia.

Trocar experiências com outras Mães é enriquecedor. Esses dias falando sobre o cansaço de trabalhar, amamentar a noite e os demais etcs do nosso cotidiano, eu relatei que quando o meu caçula tinha 9 meses, um dia eu estava tão exausta que estava lavando a louça do jantar e as lágrimas escorria quentes em meu rosto e meu marido assustado perguntou o que estava acontecendo: “estou cansada. Chorando de cansaço.” Esse diálogo sobre o cansaço despertou outras memórias, como o processo de desmamar o Arthur. Na sequência da crise de pranto eu tive dois desmaios em uma mesma semana e vi que estava na hora de mudar, de desmamar para ter uma noite de sono reparadora. E foi o que fiz.

É preciso aceitar o seu cansaço, ouvir seu corpo, isso de ser a Mulher Maravilha que consegue dar conta de tudo é um padrão que querem nos impor. Agora estou numa outra fase, meu caçula logo completará 10 anos, meus cabelos brancos pipocam, os sinais da menopausa já acenam, preciso priorizar a saúde, os cuidados com minha qualidade de vida. Minha sensível Isa já é uma adolescente, minha primogênita já é mãe da Peaches e Damian. Sim, eu sou Avó e a nova estação já está repleta de desafios que exigem novas mudanças. Nessa caminhada sigo dialogando com as mães e agradecendo as nossas semelhanças e diferenciais nessa pluralidade que é Ser Mãe.

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meu caçula menino Arthur, energia do afeto

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minha primogênita Bruna, a enigmática Mãe dos meus netos Peaches e DamianIMG-20220206-WA0012.jpg

Minha Menina Isa, o elo sensível

publicado às 15:23

dor, personagens e amor no roteiro do tratamento

por Ivone Neto, em 01.03.22

O tratamento do neuroma no pé da Isabelly está em curso. Nessa trajetória muitas andanças e personagens. Tudo começou em agosto/2021 com uma dor e um pouco de inchaço no pé direito. Foi nesse mês a primeira ida ao Pronto Socorro, passamos no ortopedista, ele examinou o pé, não viu nenhum indício de fratura e passou antibiótico por 7 dias, já que segundo ele parecia mais uma infecção.

O tempo correu e em setembro o mesmo pé voltou a doer a ponto de ela ter dificuldade para colocar o pé no chão. De novo fomos ao hospital, fizeram raio-x e nada de fratura. Informei ao médico de que ela havia ido há cerca de 1 mês atrás com o mesmo sintoma e que já tinha tomado antibiótico por 7 dias, ele acrescentou exame de sangue e disse que novamente parecia uma infecção que poderia não ter sarado com o primeiro remédio e saímos de lá com mais uma receita com antibiótico para 10 dias e ela foi medicada no prazo indicado.

Outubro chegou e não deu 20 dias do término do antibiótico e novamente o pé voltou a doer e ficou roxo. A Isabelly chegou da escola e me ligou falando que não estava conseguindo andar com a dor no pé. Eu liguei no telefone de marcação de consultas do convênio e pedi para a atendente conseguir uma consulta com o ortopedista naquele dia, em qualquer unidade, na capital, em Osasco, Carapicuíba, Cotia ou Barueri. Expliquei que era o terceiro mês consecutivo que ela apresentava o mesmo sintoma e que eu não iria mais ao Pronto Socorro. Eu conseguiu um encaixe às 18:40 em Carapicuíba. Chegando lá expliquei ao médico o que estava acontecendo e depois de examinar o pé da Isabelly ele disse que o melhor seria fazer uma ressonância para identificar o que estava causando a dor. Saí de lá agradecida pelo encaminhamento correto.

Ressonância realizada dia 29/10/21, consulta em novembro já com o resultado do exame que nos mostrou tratar-se de um neuroma no pé direito. Encaminhamento para avaliação cirúrgica. Início de dezembro e chegar ao Tatuapé em um dia de caos no trânsito de São Paulo não foi fácil. Uber, trem e metrô lotados e mais alguns passos chegamos ofegantes ao local da consulta. Atendimento do Dr. Lucas e mais um encaminhamento para um tratamento com Fisiatra, eletroterapia e fisioterapia, uma alternativa para tentar evitar a cirurgia. No retorno para casa pausa para o pão na chapa, tradição paulista que amamos.

Estamos nesse processo até agora, 1 vez por mês no Fisiatra e 1 vez por semana na eletroterapia e fisioterapia. Tivemos uma pausa entre final de janeiro e meados de fevereiro no tratamento em função do aumento de casos de Covid. Em 18/02 retornamos e seguimos na jornada. Nesse roteiro, Santo Amaro e Santa Cecília, Uber, trem, táxi, metrô, livrarias, médicos, fisioterapeutas, atendentes, porteiros, ruas, igreja, prédios, janelas e descobertas pela capital. No meio desse caminho, consultas, exames e a cirurgia do olho da Isabelly, os vestidos no camelô na calçada da Santa Casa, os cafés nas padarias e a descoberta de que ver vai além de enxergar por conta do entrelaçamento de outra história.

Seguimos no processo, faltam duas sessões na Santa Cecília e no dia 23/03 teremos reavaliação do médico no Tatuapé. Nesses meses tenho observado com admiração a força da minha filha Isabelly, sua sensibilidade, seu sorriso aflorar mesmo diante da dor e do cansaço. A Mãe aqui segura na mão da Isa e seguimos juntas para vencer esse desafio. A agenda de março já está programada.

Que a Trindade Sagrada nos ilumine e que Santa Cecília nos acompanhe.

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no trilho da estação, no roteiro dos passos

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janelas que curam

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sinalização do caminho e fomos encontrando sinais na jornada

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os passos na rua e bairro familiar

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no meio da jornada pausa na livraria, paraíso para uma leitora apaixonada

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os trilhos de mais uma etapa

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seguindo o passo a passo

publicado às 18:23

Pequenos grandiosos avanços

por Ivone Neto, em 30.09.21

“Mãe eu recebi elogios pelos meus pequenos avanços.” Eu considero grandiosos. Ela que esteve calada na sala até bem pouco tempo, agora já se comunica. “Mãe os professores agora conhecem minha voz.”

Ela que segue tirando boas notas e tem esmero em cada atividade que executa.
Ela que fala com brilho nos olhos das aulas e professores.
Ela que tem amigos na sala (“poucos mas tenho”)
Ela que ama ler e escreve bem.
Ela que está aprendendo a lidar com seus desafios. Tão madura nos seus 13 anos.
Ela que tem potencial gigante para seguir descobrindo suas habilidades.
Ela que me orgulha tanto.
Ela, a menina do meio e amada da casa.

Cada passo seu representa uma conquista imensa filha!
Entre o mar e o céu há um infinito de possibilidades. Mergulhe, navegue e voe Isabelly. Nós te Amamos e estaremos aqui para apoiar cada passo!

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Minha proximidade elementar. Menina das Águas e comunhão celeste

publicado às 16:44

Volta as aulas, medos, desafios e esperança

por Ivone Neto, em 17.02.21

As dúvidas, os medos e os desafios são enormes nessa pandemia e tem afetado muitas pessoas, empresas e instituições. O prejuízo ao aprendizado das crianças, a saudade do ambiente escolar e todas as mazelas das restrições impostas pela pandemia tem causado muitos transtornos às famílias. Muitos criticam o retorno das aulas presenciais e os argumentos são válidos. No entanto, como responder ao questionamento de muitas crianças, inclusive os meus que, dentre outras, indagam:

“você pode trabalhar e eu não posso ir à escola?”

“no jornal vejo as pessoas na praia e nós não podemos viajar?”

Claro que há respostas coerentes para as questões acima e tantas outras que ouvimos. No meu caso eu sempre procuro pontuar para meus filhos que cada família tem seu ritmo, regras e decisões. Convivo com outras mães que como eu precisam trabalhar e vivem uma dificuldade enorme para encontrar alguém para deixar os filhos. E também compartilhamos de outras adversidades desse período que está se alongando demais.

O ano passado minha filha de 12 anos sofreu muito com a ausência da escola. Estudiosa que é, chorou muito a falta presencial. A ansiedade dela deu um salto. O caçula sequer assistiu as aulas virtuais porque eu estava trabalhando. Tive que ficar me desdobrando fazendo as atividades com ele a noite e final de semana. Na atividade que exerço não tenho como atender home office e conheço mães que estão atuando nessa modalidade que estão sobrecarregadas também. Na minha casa foram três pessoas diferentes que ficaram com eles num intervalo de 8 meses. Além de dias que eles tiveram que vir para meu trabalho ou ficar na minha irmã que já tem uma carga grande porque eu não tinha outra alternativa.

As justificativas das críticas da volta as aulas são contundentes, mas é preciso enxergar a realidade de muitas mães que precisam ser ouvidas também. Os professores e toda equipe escolar deveriam estar na linha de prioridade da vacinação. A defasagem desse longo período sem estudo deixará sequelas por muito tempo. Eu que já tive Covid também ainda sofro de sequelas dessa doença e sei bem como é danoso. Cada sequela com sua dor e resultados.

Nossa decisão dos nossos filhos retornarem para a escola foi unânime. Eles estão indo todos os dias. Temos ciência do risco e enfatizamos os cuidados que eles precisam adotar. Confiamos na instituição que eles estudam que está se esmerando na pratica dos protocolos sanitários. A alegria da minha filha contando as novidades das aulas cotidianas me dá tanta esperança e aplaca um pouco do receio que sinto apertar meu peito.

Tem sido difícil, os nós vão apertando e os laços enternecendo. Cada um sabe o que sente. Eu durmo e acordo com uma mistura de sensações e tento não esmorecer, é um exercício cotidiano de perseverança. Os desafios são grandes. Que nossa força também seja gigante para seguirmos adiante.

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publicado às 14:34

As emoções das crianças

por Ivone Neto, em 27.07.16

É impressionante como nossas emoções tem influência em nossa caminhada. Sentir faz toda diferença e aprender a lidar com as diferentes emoções é um desafio constante. Há dias que estamos mais sensíveis e isso pode acontecer por distintos fatores. Um encontro, uma despedida, acontecimentos que despertam alegrias, tristezas, raiva, saudades. Com as crianças não é diferente e conversar com elas sobre essas sensações é importante. Essa semana eu enfrentei crise de choro de saudade com a Isa e a reflexão do Arthur de que pode chegar a hora dele casar e sair de perto do colo e casa da mãe. Soluços, lágrimas, abraços, diálogos. E nossas emoções misturadas formam um cardápio desafiador. Com o tempero do amor como receita vou filtrando as lições e seguindo a aprendiz trilha maternidade.

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 Vencendo desafio do medo. E ela resolveu andar cavalo 

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E depois resolveu ir tirolesa. Coragem da minha menina 

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Em outro momento de despedida, a tristeza na expressão dela. Ela tá tendo que aprender a lidar com suadade e não tem sido fácil.

publicado às 19:39

Desafio: 3 filhos, 2 quartos, como transformar?

por Ivone Neto, em 16.02.16

As idades: Quase 22 anos, 8 anos e 4 quatros. Aniversários chegando. Esse ano eu vou sugerir que o presente escolhido seja o projeto dos quartos. Cada um precisa do seu espaço. A Isa de quase 8 não tem como dividir o quarto com a de 22 anos. Muita diferença de idade. E o comentário da Isa revela o principal entrave: “não posso ficar junto com a Buda, tem cheiro demais nesse quarto”. Sim, a mais alérgica da casa sabe bem das suas dificuldades com aromas.

 

Atualmente a Bruna ocupa o quarto maior e a ideia inicial seria transferir ela pro quarto menor que hoje é da Isa. E dividir o quarto maior em dois. Detalhe, o Arthur está no meu quarto e o pai no sofá, no andar térreo. Essa configuração não está dando certo. E até o pequeno anda questionando seu quarto. “Mãe quando vou ter meu quarto?” Tem horas que ele fala em bichos, outra super herói. Hoje, no carro, ele e Isa vinham conversando sobre a cor que vão pintar a porta e paredes. Interessante vê-los envolvidos assim. Agora vai porque eles estão empolgados.

 

Esse final de semana a Isa pesquisou quartos de irmãos na Internet e até escolheu um de menino e menina. A ideia dela é dividir o quarto com Arthur sem divisórias. Só que essa convivência tem conflitos na hora de brincar, escolher o desenho da TV, o Arthur pega os brinquedos dela, que fica estressada, enfim, eles brincam muito juntos, só que tem momentos que a Isa quer brincar sozinha com suas bonecas e imaginação, sem ninguém por perto. Acredito que essa divisão pode gerar mais conflitos do que aproximação nesse estágio que eles estão. Por outro lado, pode também ser uma oportunidade deles aprenderem com essa convivência no mesmo espaço. O pai é taxativo: “não dá certo!”

 

Tem ainda uma terceira solução que já cogitei antes. O quarto da Bruna no sótão. É um espaço que está sem uso, só que imagino que o custo será mais elevado já que tenho que fazer também um banheiro lá em cima. Já até pesquisamos decoração desse tipo de quarto e percebi que é uma possibilidade que podemos explorar bastante a criatividade, além do que, a Bruna teria mais privacidade já que os irmãos pequenos vivem invadindo seu quarto.

 

É uma meta para 2016. Só que primeiro precisamos definir o projeto e colocar mãos a obra! O começo é esse, refletir sobre as possibilidades, ouvir cada um, fazer orçamento, estudar o passo a passo...10956632_989538477723733_1313945670330717496_n.jpg

 

publicado às 12:01


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