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Meu Blog Maternidade. Aqui vou registrando meu aprendizado do cotidiano de mãe. Minhas percepções, desafios, emoções, acontecimentos e sensações únicas da minha jornada maternal. Tenho duas filhas e um filho, três sementes, frutos, presentes AMOR
Tenho recebido várias perguntas durante esse período da minha viagem missão e aos poucos vou tentando responder no meu Instagram. Uma delas tem a pauta maternal e resolvi também publicar nesse Blog já que o vídeo curto é só um ensaio diante da grandeza do tema. A questão: como é ajudar sua filha a cuidar de um bebê depois de tanto tempo? Sim o tempo aqui também está relacionado com a idade minha e dos meus filhos já que meu caçula completará em breve 13 anos. Sou avó agora da tríade da minha primogênita. Sim, nossa sintonia também é elementar. Então muitas marés já naveguei nesse caminhar maternal. Para começar, cada bebê é um novo recomeço e é impressionante como algumas coisas ficam gravadas e outras esquecemos.
A experiência de acompanhar a chegada da Alise está aflorando tantas memórias da maternidade e a oportunidade de refletir ainda mais sobre como é árduo e incrível ser Mãe. Cheguei na fase final da gestação da Bruna e Alise nasceu na mesma semana, 13/12/24. Lembro do medo que ela citou quando ouviu da médica que o parto já deveria acontecer no dia seguinte. Eu também, mesmo depois de ter passado por dois partos também tive medo quando foi o terceiro. Vamos crescendo, com erros e acertos, com cada fase nossa e dos filhos. A mãe da Peaches não é a mesma do Damian nem da Alise, assim como eu não sou a mesma mãe da Bruna, Isa e Arthur. E talvez por ter sempre um novo ciclo esquecemos de muitos detalhes dos anteriores.
Então vou descrever algumas observações dessas semanas intensas por aqui.
1 - como é difícil amamentar nos primeiros dias. Até pegar o jeito e o ritmo. No meu caso, Bruna e Isa foi mais leve e ligeiro. Arthur nasceu muito pequeno e a dificuldade foi maior. Sem contar que ele nasceu antes e meu leite demorou a vir o que me deixou apavorada. Hoje ele é o maior e foi o que mais mamou. O bico de silicone tem ajudado muito com Alise. A amamentação é importante demais e haja resiliência para atravessar os primeiros dias quando o peito está machucado.
2- como conseguimos dormir tão pouco quando passamos a noite amamentando? Como acordamos ao menor sinal do bebê? Que sintonia sagrada!
3- a paz de segurar o bebê no colo, observar o sono doce, o olhar e o cheiro do bebê, inesquecíveis. Coisa do sentir que enternece o coração.
4- Recordei do som do Sss, a forma de segurar perto do coração, o balanço no colo, sons e movimentos que ajudam acalmar o bebê por lembrar do ventre.
5- o banho relaxa o bebê e escolher um horário ajuda a definir um momento na rotina. A temperatura morna e o brincar na água é acolhedor.
6- como as crianças da casa reagem com a chegada do bebê? É uma adaptação gradativa e exige muita paciência. A atenção partilhada é um desafio porque o bebê tem emergências como amamentar que não dá para adiar. Tentar inseri-los em ações como pegar fralda, roupa ou outros acessórios vai ajudando.
7- eu me lembrei de como as mães aprendem a fazer as tarefas com 1 único braço enquanto o outro segura a bebê. Outra coisa que resgatei na memória, é utilizar a perna para balançar o carrinho enquanto preparava refeição ou outra atividade.
8- Como o momento do nosso banho é relaxante também! Um bálsamo, ainda que seja rápido e com a porta aberta do banheiro. Fiz tanto isso. Lembrei de uma cena da Isa, num dia que ela brincava sozinha tão concentrada e fui tomar banho e fechei a porta e me demorei porque lavei o cabelo. Quando sai ela estava deitada e dormindo no tapete da porta me esperando. Fiquei imaginando que ela dormiu chorando e fiquei desolada. Senti culpa, quem nunca?
9- não sei se aconteceu com vocês, mas o colo é angelical e o berço parece que tem espinhos algumas vezes. A bebê dorme serena no colo, até sorri sonhando com anjos, coloca no berço devagarinho e em segundos vem o choro.
10- crianças na escola, bebê dormindo, você com sono e cansada e um bocado de tarefas te chamando. Comida, roupa, louça e os tantos etcs do cuidado da casa. Dormir ou tentar adiantar alguma coisa? Quando se está sozinha, sem rede de apoio, a escolha é sempre a segunda alternativa. E que a força do além ampare minha filha Bruna porque logo voltarei ao Brasil.
É o AMOR por eles que move os seus passos e eu tenho um orgulho enorme em vê-la navegando nesse oceano desafiante. Como diz em Coríntios 13:13: Estas três coisas continuam para sempre: fé, esperança e amor. E o maior delas é o amor."
Alise, 13/12/24. Que Santa Luzia te proteja. Amém
Tenho 1 filha do século passado, com 30 anos. Outra com 16 e outro com 12, do século contemporâneo. São enormes as diferenças da infância dos menores, nem tão pequenos assim hoje, com a da primogênita. Se eu pensar na infância dos meus netos, a distinção é ainda maior. Sim, eu já sou avó de Peaches, Damian e da bebê menina que chegará em breve. Esses dias recebi um vídeo dos netos brincando na praia e fiquei refletindo sobre aspectos que enlaçam e diferenciam essas gerações.
Minha filha mais velha brincou muito na calçada, andou de bicicleta pelas ruas do bairro, adorava a pequena piscina de plástico que refrescava os verões paulistas, na companhia do seu tio irmão Henrique e amigo Higor. Isa e Arthur desconhecem o que é brincar na rua, a não ser quando viajam para algum lugar tranquilo, cresceram nos muros de um condomínio, brincavam no playground, jogavam bola na quadra. Assim como fiz com a Bruna, eu os levo para andar de transporte público. Sei de crianças e adolescentes que nunca andaram de trem, metrô ou ônibus.
Há realidades bem distintas na desigualdade social do nosso país. E isso influencia a infância, adolescência e vida adulta, ontem, hoje e amanhã. Eu já morei em periferia, conheço e convivo com pessoas de lá, e sei das dificuldades que elas enfrentam. A falta de lazer e de dinheiro para ir em parques e atividades culturais é recorrente. Infelizmente, para muitas famílias, até o básico é ausência. Investir em projetos de esporte, lazer e cultura para todos, contribuirá para melhorar o aprendizado e a qualidade de vida de todas as gerações.
Voltando ao vídeo dos netos, agradeci a dádiva deles morarem perto da natureza, de terem a possibilidade de brincar com segurança no quintal e na rua. Apesar de estar na lei, a presença de ações que garantam as crianças o que ela rege, está bem distante em muitos países. Guardada a gigante distinção dos cenários daqui e de lá, ver meus netos brincando na rua como minha primogênita brincou, acende minha esperança. Recordei do esforço que fiz para levar a Bruna ao teatro, biblioteca e lembro dos seus olhos brilhando com a magia da arte. Nunca vou esquecer da sua alegria ao ver as luzes de Natal. Memórias que seguem vivas.
Meu Arthur ama futebol e já foi em vários estádios. A Isa aprecia, talvez não tanto como eu, livrarias e passeios culturais e já visitou alguns ícones da capital paulista. Seguirei incentivando que eles vivam a cidade, procurem se conectar com as expressões artísticas que tanto ensinam, observar o movimento das ruas e seus personagens. Para fugir desse mundo cercado, da tela pequena do celular e vivenciar o grande telão que é a cidade. Já ouvi que eu tenho é coragem de andar com eles assim. Que eu permaneça tendo.
Há muita transformação nesse ciclo do tempo, no entanto, a alegria autêntica e o encantamento mágico que as experiências despertam, seguirá perene em muitas gerações. Oxalá que elas sejam cada vez mais presentes.
amores da vovó. Saudades
Observar o Arthur se divertindo em atividades que tive o privilégio de viver na infância é gratificante. O paulista com sangue sertanejo aprecia a caatinga onde nasci. Cavalgar, nadar, enveredar pela caatinga, participar da lida do gado, colher umbu no pé, rir dos causos, ouvir as “estórias” de assombração no alpendre, comer as delícias do fogão a lenha, vislumbrar o céu estrelado, dar a bênção ao levantar-se, na hora de dormir, na chegada e na partida...
Nossas férias no sertão foram marcadas por experiências tão diferentes de sua realidade urbana. Todos ficam admirados com seu jeito “desenrolado.” Ele encantado com o rastro da onça, do guará e da raposa. Lá no terreiro de vozinha, o camaleão no juazeiro, o tiú, a cobra passando pelo caminho da roça, os pássaros fazendo festa no amanhecer e entardecer ...as cavalgadas pelas veredas do sertão. Num ambiente que para muitos é hostil, ele estava em casa. Como diz meu tio: “está na essência”
Arthur tomou banho de chuva numa tarde da viagem. Que entrelaçar de memórias e sensações, da mãe e do caçula. O cheiro da água molhando a terra, o sorriso dos sertanejos com essa bênção e a alegria contagiando as casas, as ruas, os sítios e as cidades. Embora cada filho tenha sua singularidade, nossos traços neles revelam semelhanças. Nesse momento registrado, eu fiquei emocionada em reconhecer meus traços no caçula. Essa imagem retrata uma conexão de alma de gerações.
Viva as águas das saudades que somos
Já escrevi aqui sobre os desafios da maternidade com base nas minhas experiências. E observo também a caminhada de outras mães. Há muitas similaridades e também muitas diferenças, pontuando que cada uma de nós vai tecendo sua história de modo único. Quando falo em semelhanças é diferente de comparação. Aliás, tenho horror às comparações carregadas de rótulos e julgamentos. Quando rotulamos restringimos a visão, quando respeitamos e nos abrimos para novas percepções somos capazes de avançar na compreensão do outro, com mais empatia e amor.
Situações semelhantes como, por exemplo, o primeiro dia do filho na creche, os primeiros dentes, a primeira formatura, as espinhas, as primeiras paqueras, passeios com amigos...Sentimentos semelhantes como culpa, medo, dúvidas, alegrias, admiração...são semelhantes sim, no entanto, nosso sentir e ação diante deles são diferenciais. O modo como eu sinto ou reajo pode ser o oposto ao de outra mãe em um mesmo acontecimento. E não quer dizer que estou certa e ela errada. Somos humanas distintas. E todas nós vamos errando, ensinando e aprendendo, num ciclo contínuo.
Sou mãe de três e em cada fase fui amadurecendo. Fui mãe cedo, aos 19 anos. Quando a Isa nasceu eu tinha 33 e o Arthur eu já tinha 37 anos. São ciclos com transformações permanentes. A mãe da Bruna não foi a mesma da Isa nem é a do Arthur e eu sou a Mãe da tríade nessa metamorfose de mudanças. Ainda hoje quando me perguntam algumas coisas sobre cólicas e outras assuntos corriqueiros eu não sei responder. Gente tem coisas que parecem foram apagadas da minha memória. Algumas estão bem vivas como o cheiro deles, a canção de ninar dos três, o jeito de mamar. Agora se me perguntarem qual remédio para cólica ou o que fazer quando está nascendo os dentes, não vou saber responder, vou recorrer a minha farmacêutica de confiança. Quando é sobre outras pautas e o que não faltam são assuntos para as mães, eu partilho minha vivência, enfatizando que não quer dizer que é o certo e que cada uma vai aprendendo no dia a dia.
Trocar experiências com outras Mães é enriquecedor. Esses dias falando sobre o cansaço de trabalhar, amamentar a noite e os demais etcs do nosso cotidiano, eu relatei que quando o meu caçula tinha 9 meses, um dia eu estava tão exausta que estava lavando a louça do jantar e as lágrimas escorria quentes em meu rosto e meu marido assustado perguntou o que estava acontecendo: “estou cansada. Chorando de cansaço.” Esse diálogo sobre o cansaço despertou outras memórias, como o processo de desmamar o Arthur. Na sequência da crise de pranto eu tive dois desmaios em uma mesma semana e vi que estava na hora de mudar, de desmamar para ter uma noite de sono reparadora. E foi o que fiz.
É preciso aceitar o seu cansaço, ouvir seu corpo, isso de ser a Mulher Maravilha que consegue dar conta de tudo é um padrão que querem nos impor. Agora estou numa outra fase, meu caçula logo completará 10 anos, meus cabelos brancos pipocam, os sinais da menopausa já acenam, preciso priorizar a saúde, os cuidados com minha qualidade de vida. Minha sensível Isa já é uma adolescente, minha primogênita já é mãe da Peaches e Damian. Sim, eu sou Avó e a nova estação já está repleta de desafios que exigem novas mudanças. Nessa caminhada sigo dialogando com as mães e agradecendo as nossas semelhanças e diferenciais nessa pluralidade que é Ser Mãe.
meu caçula menino Arthur, energia do afeto
minha primogênita Bruna, a enigmática Mãe dos meus netos Peaches e Damian
Minha Menina Isa, o elo sensível
Tenho muitas imagens tatuadas em minha alma. Sentada na rede, sentindo o vento que sopra, muitas afloram despertando sorrisos e lágrimas das saudades felizes que cultivo. Tenho algumas fotografias que registraram momentos marcantes com personagens e lugares que Amo. Uma delas é essa foto do Tio Bertim com meu caçula Arthur contando a história de sua arte em distintos sentidos.
Na minha viagem de 3 anos atrás, lá no terreiro da casa de tia Maria eu observava esses dois meninos conversando e corri para pegar a câmera e clicar. Criativo por natureza, tio Bertim encanta as crianças com sua fala sensorial, seu jeito simples e divertido. Que encantamento ter um tio assim.
Tenho algumas fotos antigas, daquelas que ficávamos aguardando ansiosos a revelação. Lembro do meu marido reclamando: “você gasta dinheiro que nem temos para comprar filme e revelar fotos”. E eu insistia em espremer essa grana curta para registrar esses momentos. Revendo essas fotografias bate uma saudade. Essas memórias afetuosas da infância da minha primogênita são tão valiosas. Retratos de Amor.
O pai e a filha há 20 anos atrás. Os dois bronzeados no verão de outros tempos.
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