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Meu Blog Maternidade. Aqui vou registrando meu aprendizado do cotidiano de mãe. Minhas percepções, desafios, emoções, acontecimentos e sensações únicas da minha jornada maternal. Tenho duas filhas e um filho, três sementes, frutos, presentes AMOR
As últimas semanas foram intensas. Novembro emendando com dezembro reservou muitas emoções no calendário dos dias que seguirão se perpetuando nas memórias afetivas. Há anos eu não chorava tanto. Estou tão agradecida por ter cumprido minha maior missão do ano. Visitar minha filha e conhecer minha neta e sua família de lá foi um grande presente recheado de tantos abraços, cheiros, risadas e lágrimas. Eu escrevi um caderninho com gotas de lágrimas pingando, sentido o sal do mar escorrendo em minha face como chuva das gotas de orvalho. Em silêncio, depois da escrita, eu contemplava o amanhecer da janela da cozinha enquanto eu fazia o café. E nela se descortina um mar de saudades.
Se tem um sentimento que marca minha jornada maternal é a saudade. Tenho uma filha que mora distante, fazia 3 anos e 6 meses que não nos víamos. Ah sentir seu cheiro e vê-la mãe da Peaches foi uma bênção. Quanta alegria. Observar a alegria da minha Isa, a filha do meio, na companhia da irmã mais velha, conversando, aprendendo, rindo e chorando juntas...cenas que ficarão gravadas para sempre em meu livro coração. As palavras embargavam e a escrita, como sempre, me ajudou a registrar nuances do que senti. E o caderno vivo permanece com novas páginas a serem escritas. E eu cheguei chorando no reencontro com meu caçula e com a missão de ler a carta para o Pai. E na leitura compartilhada, entre soluços, pausas e abraços de todos, a casa foi agraciada com a pureza dos sentimentos que lavam e tocam a alma.
Gratidão ao Sol que brilhou, a neve que caiu, a chuva que molhou a terra e se juntou ao rio de lágrimas das emoções fortes que transbordam. As lembranças tão vivas ardem no cotidiano. E daqui do hemisfério Sul emano calor para o frio do Norte, numa fogueira de saudade que retrata a fortaleza do Amor que nos une.
a grandeza do Amor dessa imagem é indizível. É coisa do sentir!
Ontem foi a primeira vez do Arthur assistir uma peça de teatro infantil. E adorei que tenha sido na Biblioteca Mário de Andrade e inserida na programação de um festival sensacional. Biblioteca viva. Sobre a apresentação, Arthur ficou encantado com as músicas e os personagens. “Mãe os papelões dançando foi engraçado”. Sentamos na última fileira e logo ele foi procurar uma cadeira vazia e foi sentar perto do palco. E olha que prender a atenção do menino tão agitado é um feito. Dessas coisas da arte que segue inspirando meus passos.
Depois do teatro, o tico-tico do Arthur saiu para andar pelas ruas floridas de livros do Festival. E foi a peça que inspirou o nome do seu pássaro de madeira, que não ficou em casa parado como enfeite, que saiu cedo de Cotia para passear na capital. E a felicidade dele em encontrar uma foto idêntica ao seu pássaro foi emocionante. Até ficou atento enquanto eu lia a poesia. Quando chegamos na tenda do Leia Mulheres, ele perguntou: “mãe aqui que você vem no encontro dos livros?” Eu expliquei que ali era um ponto dentro do festival e que o Leia Mulheres que participo acontece na biblioteca de Osasco. E, felizmente, esse clube de leitura também acontece em muitas outras cidades.
Claro que voltei com livros para presentear. Ele disse: “mãe você e seus livros”. Sim eu amo os livros. Retornamos pelas ruas do centro, circulando por onde já andei muito, em outros tempos. No metrô República, fomos no último vagão e o João mostrava efusivo para o Arthur o túnel. E os fantasmas povoaram a imaginação do tios e crianças. Descemos no metrô Paulista, chegamos a Consolação no prédio do elevador vermelho, fizemos um lanche no apartamento, os dois brincaram com a Banguela, gata preta, os brinquedos personagens e o videogame. E chegou a hora de retornar, a despedida que entristece o João, entramos no metrô, eu e Arthur, e meu irmão Henrique, o pai do João, o tio do Arthur, seguiu para Avenida Paulista.
No ônibus voltando, na rodovia que tem nome de bicho como lembrou Arthur, disse ele: “Mãe o tico-tico andou de ônibus, metrô e nas ruas, viu teatro, livros”. À noite, na hora da leitura, ele foi na prateleira e escolheu o livro do Homem-Aranha. “Mãe vamos ler esse livro que ganhei do tio Hique no meu aniversário”. Sim, faz uns 3 anos esse que chamo de presente vivo. Hoje, 6:30 da manhã, já no caminho da escola, ele falava do teatro, das asas do tico-tico, do rádio falante e das músicas. Sim, ele curtiu o balanço musical. E as memórias do domingo seguem vivas. Viva os livros que criam laços!
Família no Festival Mario de Andrade, no domingo da cidade
“Mãe tem uma atividade para levar uma foto com um bicho de estimação pra escola. E eu quero tanto e não tenho” Diz Arthur com seu raro ar tristonho. Esse papo recorrente é antigo lá em casa. Eu respondo que já conversamos sobre o motivo e que adiante podemos voltar a estudar essa possibilidade. Ele retruca: “É mãe, a Isa já teve o Cacau e eu nunca tive.” O melhor vira-lata de todos os tempos morreu dois meses antes do Arthur nascer, depois de um acidente, mesmo tendo sido socorrido e passado por intervenção. E nessa época as crises de asma da Isa não eram tão fortes.
Arthur conhece o Cacau por nossas lembranças e da foto que o tio Hique desenhou. Na imagem está escrito Kakaroto. Eu sempre escrevi Cacau por causa do chocolate que a Buda tanto gosta. Foi a Bruna e o Henrique, sobrinha e tio, que encontraram Cacau na praça enquanto andavam de bicicleta na rua do bairro onde moramos. Hoje eu passei por essa praça e lembrei desse dia. Correram implorando para que ficássemos com o Cacau, tão pequeno e frágil, nascido embaixo daquele banco da praça. Eram 3 filhotes e todos foram adotados. Arthur e Isa costumam encontrar a figura do Cacau desenhado nas nuvens. Eu nunca vou esquecer do seu olhar.
Voltando a conversa matinal ele disse: “mãe será que posso tirar uma foto com a Sam? Não é nossa cachorra, mas eu conheço, é vizinha e tão mansinha. Fala com a tia Sil?
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