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Meu Blog Maternidade. Aqui vou registrando meu aprendizado do cotidiano de mãe. Minhas percepções, desafios, emoções, acontecimentos e sensações únicas da minha jornada maternal. Tenho duas filhas e um filho, três sementes, frutos, presentes AMOR
Ele tem 4 anos e a última vez que tinha cortado o cabelo tinha pouco mais de 1 ano. Ou seja, 3 anos sem corte e como cresceu os cachos. Já vinha conversando com ele sobre cortar um pouco e ele sempre receoso com medo da tesoura. Sem tempo para cuidar dos cachos nesse inverno o melhor a fazer é cortar. E ele começou a coçar a cabeça e veio o bilhete da escola sobre piolho (claro que já dei o remédio para resolver de vez a questão que é comum nessa fase). Como o dengo comigo é grande, esta missão foi para a especial e decidida Vó Fátima. Ela saiu do trabalho, pegou Arthur na escola, levou até o salão explicando que a tesoura não machuca e depois de já ter iniciado o demorado corte da juba, mãe me liga e ouço-o dizer: “mãe a tesoura não dói”. Meu coração ficou tão alegre e cresceu a ansiedade para vê-lo tão diferente. Depois de finalizado, a vó o presenteou com o homem flecha e massinha pra ficar toda tarde e começo da noite brincando em sua casa. Eu, meus irmãos e nossos filhos somos muito abençoados por ter uma mãe/avó tão maravilhosa.
Depois do expediente, fui pegar Isa na escola para irmos juntas ao salão, eu pintar os brancos que teimam em aumentar e ela quis cortar o cabelo curto para combinar com seu irmão. Ela é muito companheira. Por volta das 19:30 chegamos a casa da mãe que já nos esperava no portão com o novo Arthur. O misto de surpresa e outras sensações que emanavam dos pulos e abraços da Isa no Arthur foi emocionante. Eu fiquei sem palavras, só o abraçava e dizia o quanto eu estava contente com sua coragem de ter ido com a vó cortar o cabelo. E ele repetiu: “mãe a tesoura não dói, o homem colocou capa de super herói e eu nem chorei”. Nessa euforia seguimos para casa. O pai nos aguardava ansioso.
A Isa entrou na frente e disse: “pai fecha os olhos”. Arthur entrou e ela disse: “pode abrir”. O pai abraçou Arthur e disse: “Nossa filho ficou muito legal, que diferente”. O som das risadas invadiu a casa. E a mudança radical ganhou aroma de brincadeira. Claro que sentiremos saudades dos cachos, que amamos e vão crescer novamente (assim espero). Tirei foto dele para enviar para a irmã que está longe, primas, amigas e madrinha. Ele olhou pausadamente para foto e disse: “mãe quem é esse cara?” As gargalhadas ecoaram no ambiente. Depois ele foi até o espelho para ficar olhando e reconhecer o novo Arthur de cabelo curto.
Arthur cabeludo em abril/2016. Arthur cabelo curto junho/2016
Tem retrato de brincadeira no universo infantil. É incrível a capacidade de fantasia e diversão da criança sozinha e acompanhada. E que maravilha é brincar, observar meus filhos pequenos brincando enternece meu coração. Todos os dias, em todos os momentos, eles querem brincar. Chegam a dormir brincando e sonham com as brincadeiras. A Isa e o Arthur são assim. E todos os dias tem espaço para brincadeira no cotidiano infantil. Ela chega da escola, troca de roupa, janta e já faz a pergunta: mãe, com que eu posso brincar? Claro que com a rotina escolar temos que conciliar brincar com lição de casa.
Atualmente estamos morando em apartamento e ela tem amigas em três blocos: A, B e C. A Isa conquista muitas amizades por onde passa. E ela tem dividido o tempo com as crianças. Um dia para cada e vai fazendo o rodízio da brincadeira. Um dia em nossa casa, um dia na casa da amiga. Nesse sentido morar em prédio ajuda porque fica mais próximo e seguro o acesso. Só que tem outros quesitos negativos também. A falta de espaço para correr é um deles. Há mais restrições sobre barulho e quem tem criança sabe como é, elas fazem barulho mesmo e quando estão juntas então, as risadas ecoam.
Bom ela já avisou para as amigas que vai mudar. “Eu vou mudar para uma casa grande e lá vou poder andar de bicicleta e patinete”. As mães já estão preocupadas com a ausência da Isa de tão acostumadas que as crianças estão. A própria Isa ressalta: “Mas é aqui perto e vocês podem ir lá e eu continuo vindo aqui”. Claro que não será mais a mesma coisa que descer ou subir o elevador, o que é um dos motivos de apreensão. A Isa não gosta, já ficou presa lá e muito apavorada com a situação. Aprender lidar com o medo também faz parte da infância. É nossa primeira experiência em apartamento e já percebi que para as crianças a falta de espaço não fez bem.
Nem todos os dias a agenda permite brincar na casa de alguém ou receber criança em casa. E todos os dias tem a pergunta: “mãe, com quem eu posso brincar hoje?” Então, tem dias que a resposta sou eu, seu irmão e até sozinha. Tem momentos que é preciso largar a louça e dedicar minutos preciosos para ler um livro ou outra brincadeira. Tem horas que ela é mestre em brincar só. É uma concentração plena. Até que o irmão pequeno chegar e atrapalhar. Hora de separar a briga e retomar as rédeas da situação. E tem o momento de brincar sim com o irmão menor e eles se divertem bastante juntos. E assim vou aprendendo que há sempre respostas quando estamos dispostos a participar. E vamos lá brincar.
Minha princesa criança, mestre na arte de encantar, tecer amizades e brincar
Isa diz: mãe, o trabalho e a escola são pertos, só falta a casa. Faltava, agora é a semana da mudança e ela conta os dias. Casa, trabalho e escola ao alcance dos pés. Proximidade que privilegia qualidade de vida. As crianças também sentem a mudança, porém, tem um jeito incrível para adaptar-se, são ávidas pelo novo e esse espírito aprendiz é uma grande lição. Da casa para o apartamento.
Processo de desapego que transforma, despedida de objetos e doação que ganha nova utilidade. Só fica o que tiver uso efetivo, bagagem mínima para ampliar bagagem melhor. E a Isa já aprendeu que para cada novo brinquedo, um será doado. O Arthur já tem poucos para aprender desde cedo que precisamos de raros, para facilitar a organização e priorizar o que tem significado. E a limpeza dos brinquedos está em curso. Limpeza da estação em plena mudança.
Hoje é dia do meu quarto, de abrir gavetas e encontrar rabiscos, me detenho nessa ação e sempre encontro tesouros em forma de frases, anotações bobas, uma página de caderno, retalhos em forma de sentido poesia que vão comigo, passo para dentro dos meus livros, outros tesouros que acompanham minha mudança, para onde quer que eu vá.
MENOS é MAIS e MAIS é MENOS em diferentes contextos. E os bons ventos do outono estão chegando trazendo um novo ritmo.
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