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Meu Blog Maternidade. Aqui vou registrando meu aprendizado do cotidiano de mãe. Minhas percepções, desafios, emoções, acontecimentos e sensações únicas da minha jornada maternal. Tenho duas filhas e um filho, três sementes, frutos, presentes AMOR
Tarde de domingo, o sol adentra na janela e aquece a sala, ele deita no mesmo lugar da Bruna, imerso em sua brincadeira. O caçula e a primogênita no mesmo canto ensolarado da sala. Ela está longe e está aqui na presença do irmão, tão parecido em alguns aspectos, como nessa cena tão familiar em minha casa. É outono aqui e primavera por lá, eu fico minutos paradas e subo devagarinho a escada para buscar o celular e registrar esse momento tão ímpar. Tem irmandade e comunhão na saudade, no vento leve, no calor do sol e na lágrima quente que escorre. Ele nem viu o clique, seguiu concentrado no chão da sala, com sua fértil imaginação no mágico mundo do brincar.
Retrato de saudade
As últimas semanas foram intensas. Novembro emendando com dezembro reservou muitas emoções no calendário dos dias que seguirão se perpetuando nas memórias afetivas. Há anos eu não chorava tanto. Estou tão agradecida por ter cumprido minha maior missão do ano. Visitar minha filha e conhecer minha neta e sua família de lá foi um grande presente recheado de tantos abraços, cheiros, risadas e lágrimas. Eu escrevi um caderninho com gotas de lágrimas pingando, sentido o sal do mar escorrendo em minha face como chuva das gotas de orvalho. Em silêncio, depois da escrita, eu contemplava o amanhecer da janela da cozinha enquanto eu fazia o café. E nela se descortina um mar de saudades.
Se tem um sentimento que marca minha jornada maternal é a saudade. Tenho uma filha que mora distante, fazia 3 anos e 6 meses que não nos víamos. Ah sentir seu cheiro e vê-la mãe da Peaches foi uma bênção. Quanta alegria. Observar a alegria da minha Isa, a filha do meio, na companhia da irmã mais velha, conversando, aprendendo, rindo e chorando juntas...cenas que ficarão gravadas para sempre em meu livro coração. As palavras embargavam e a escrita, como sempre, me ajudou a registrar nuances do que senti. E o caderno vivo permanece com novas páginas a serem escritas. E eu cheguei chorando no reencontro com meu caçula e com a missão de ler a carta para o Pai. E na leitura compartilhada, entre soluços, pausas e abraços de todos, a casa foi agraciada com a pureza dos sentimentos que lavam e tocam a alma.
Gratidão ao Sol que brilhou, a neve que caiu, a chuva que molhou a terra e se juntou ao rio de lágrimas das emoções fortes que transbordam. As lembranças tão vivas ardem no cotidiano. E daqui do hemisfério Sul emano calor para o frio do Norte, numa fogueira de saudade que retrata a fortaleza do Amor que nos une.
a grandeza do Amor dessa imagem é indizível. É coisa do sentir!
É impressionante como nossas emoções tem influência em nossa caminhada. Sentir faz toda diferença e aprender a lidar com as diferentes emoções é um desafio constante. Há dias que estamos mais sensíveis e isso pode acontecer por distintos fatores. Um encontro, uma despedida, acontecimentos que despertam alegrias, tristezas, raiva, saudades. Com as crianças não é diferente e conversar com elas sobre essas sensações é importante. Essa semana eu enfrentei crise de choro de saudade com a Isa e a reflexão do Arthur de que pode chegar a hora dele casar e sair de perto do colo e casa da mãe. Soluços, lágrimas, abraços, diálogos. E nossas emoções misturadas formam um cardápio desafiador. Com o tempero do amor como receita vou filtrando as lições e seguindo a aprendiz trilha maternidade.
Vencendo desafio do medo. E ela resolveu andar cavalo
E depois resolveu ir tirolesa. Coragem da minha menina
Em outro momento de despedida, a tristeza na expressão dela. Ela tá tendo que aprender a lidar com suadade e não tem sido fácil.
Somos laços entrelaçados na teia da vida. Tantos laços diferentes e cada um com seu retrato singular. Ontem tive a alegria de abraçar meu irmão Paulo e sentir a energia do seu sorriso expansivo. No final do dia levei seus sobrinhos, Isa e Arthur, para encontrá-lo. Ao chegar à escola, eu disse a Isa que tinha uma pessoa que estava na casa da vó. Ela já ficou com os olhos saltitantes: quem é mãe? Respondi: adivinha, ele brinca muito com você e canta uma música: “ela é a ciganinha, dona do meu coração”. Ela deu um salto e disse: tio Paulo! E faz cambalhota. Preciso contar pra ele que aprendi a fazer cambalhota sozinha já.
Ao chegar lá o Arthur já pulou no colo do tio e a Isa já foi abraçando, mostrando a cambalhota que aprendeu. Os dois sobrinhos compartilhando o colo e a felicidade do encontro com o tio. O limão virou bola, risos, abraços, sintonia de amor, alegria infantil. Criança é mestre na arte de amar.
Não tinha a câmera ontem para registrar, a cena me fez lembrar a imagem de 5 meses antes, na casa dos bisavós, no sertão pernambucano. Imagens semelhantes, cenários distintos, amor crescente.
Eu e minha família fizemos uma viagem rápida para visitar meus avôs no sertão pernambucano em junho. Meu marido estava preocupado com a Isa, nossa pequena. O receio era de que ela estranhasse muito já que é bem apegada com seu canto.
As crianças têm o dom de nos surpreender e a Isa foi surpreendentemente maravilhosa durante os 5 dias que estivemos longe de nosso lar.
Ela brincou com outras crianças, correu no terreiro atrás das galinhas, divertiu-se em cima do carro dos estudantes na estrada cheia de pedras, adorou o pequeno carneiro no curral, ficou admirada, nem sequer piscava olhando meu tio tirar leite da vaca, caiu, arranhou-se, levantou e continuou brincando. No ambiente sadio, alegre e carinhoso ele só podia se sentir mesmo em casa na casa da bisavó e do bisavô que ficaram muito felizes em nos ver.
Na casa da tia-avó Maria ela descobriu como um galão pode se tornar um interessante brinquedo, que doce é a água de coco, tinha até a uva que ela adora, mas, o que realmente a fascinou foi à grandeza do terreiro com espaço de sobra para ela correr descalça. Essa impressionante cena da Isa correndo feliz por todo o lado é memorável.
São momentos como esse que ficam gravados na memória coração. O encontro das gerações aconteceu num clima de muito amor e deixou aquela saudade feliz com gosto de quero mais.
Palavra doce...para muitos tem sabor amargo
Eu prefiro senti-la doce...suave
sinto saudades de quem amo: lugares, pessoas, momentos
hoje acordei brincando com a Isa que tem 4 meses
mais adiante sentirei saudades dessa fase
assim como senti da Bruna que hoje já tem 14
por isso é tão maravilhoso brincar com as filhas
me faz lembrar da minha infância
dos personagens que eu inventava divertindo-se nas nuvens
das brincadeiras na praça e no açude
dos avós do sertão...minhas raízes
o cenário mudou
com as meninas brinco na praia, no parque e em casa
mas a sensação de alegria permanece
o riso infantil...o olhar curioso que descobre o mundo
as cores...as imagens...os brinquedos
Sinto muita saudade
e como ela ensina
o quanto é valioso cada passo da caminhada
é livre a saudade
vai e vem como as ondas do mar
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