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Diferentes gerações

por Ivone Neto, em 26.08.24

Tenho 1 filha do século passado, com 30 anos. Outra com 16 e outro com 12, do século contemporâneo. São enormes as diferenças da infância dos menores, nem tão pequenos assim hoje, com a da primogênita. Se eu pensar na infância dos meus netos, a distinção é ainda maior. Sim, eu já sou avó de Peaches, Damian e da bebê menina que chegará em breve. Esses dias recebi um vídeo dos netos brincando na praia e fiquei refletindo sobre aspectos que enlaçam e diferenciam essas gerações.

Minha filha mais velha brincou muito na calçada, andou de bicicleta pelas ruas do bairro, adorava a pequena piscina de plástico que refrescava os verões paulistas, na companhia do seu tio irmão Henrique e amigo Higor. Isa e Arthur desconhecem o que é brincar na rua, a não ser quando viajam para algum lugar tranquilo, cresceram nos muros de um condomínio, brincavam no playground, jogavam bola na quadra. Assim como fiz com a Bruna, eu os levo para andar de transporte público. Sei de crianças e adolescentes que nunca andaram de trem, metrô ou ônibus.

Há realidades bem distintas na desigualdade social do nosso país. E isso influencia a infância, adolescência e vida adulta, ontem, hoje e amanhã. Eu já morei em periferia, conheço e convivo com pessoas de lá, e sei das dificuldades que elas enfrentam. A falta de lazer e de dinheiro para ir em parques e atividades culturais é recorrente. Infelizmente, para muitas famílias, até o básico é ausência. Investir em projetos de esporte, lazer e cultura para todos, contribuirá para melhorar o aprendizado e a qualidade de vida de todas as gerações.

Voltando ao vídeo dos netos, agradeci a dádiva deles morarem perto da natureza, de terem a possibilidade de brincar com segurança no quintal e na rua. Apesar de estar na lei, a presença de ações que garantam as crianças o que ela rege, está bem distante em muitos países. Guardada a gigante distinção dos cenários daqui e de lá, ver meus netos brincando na rua como minha primogênita brincou, acende minha esperança. Recordei do esforço que fiz para levar a Bruna ao teatro, biblioteca e lembro dos seus olhos brilhando com a magia da arte. Nunca vou esquecer da sua alegria ao ver as luzes de Natal. Memórias que seguem vivas.

Meu Arthur ama futebol e já foi em vários estádios. A Isa aprecia, talvez não tanto como eu, livrarias e passeios culturais e já visitou alguns ícones da capital paulista. Seguirei incentivando que eles vivam a cidade, procurem se conectar com as expressões artísticas que tanto ensinam, observar o movimento das ruas e seus personagens. Para fugir desse mundo cercado, da tela pequena do celular e vivenciar o grande telão que é a cidade. Já ouvi que eu tenho é coragem de andar com eles assim. Que eu permaneça tendo.

Há muita transformação nesse ciclo do tempo, no entanto, a alegria autêntica e o encantamento mágico que as experiências despertam, seguirá perene em muitas gerações. Oxalá que elas sejam cada vez mais presentes.

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amores da vovó. Saudades

publicado às 19:49

Sobre semelhanças, diferenças, desafios e partilhas maternais

por Ivone Neto, em 12.03.22

Já escrevi aqui sobre os desafios da maternidade com base nas minhas experiências. E observo também a caminhada de outras mães. Há muitas similaridades e também muitas diferenças, pontuando que cada uma de nós vai tecendo sua história de modo único. Quando falo em semelhanças é diferente de comparação. Aliás, tenho horror às comparações carregadas de rótulos e julgamentos. Quando rotulamos restringimos a visão, quando respeitamos e nos abrimos para novas percepções somos capazes de avançar na compreensão do outro, com mais empatia e amor.

Situações semelhantes como, por exemplo, o primeiro dia do filho na creche, os primeiros dentes, a primeira formatura, as espinhas, as primeiras paqueras, passeios com amigos...Sentimentos semelhantes como culpa, medo, dúvidas, alegrias, admiração...são semelhantes sim, no entanto, nosso sentir e ação diante deles são diferenciais. O modo como eu sinto ou reajo pode ser o oposto ao de outra mãe em um mesmo acontecimento. E não quer dizer que estou certa e ela errada. Somos humanas distintas. E todas nós vamos errando, ensinando e aprendendo, num ciclo contínuo.

Sou mãe de três e em cada fase fui amadurecendo. Fui mãe cedo, aos 19 anos. Quando a Isa nasceu eu tinha 33 e o Arthur eu já tinha 37 anos. São ciclos com transformações permanentes. A mãe da Bruna não foi a mesma da Isa nem é a do Arthur e eu sou a Mãe da tríade nessa metamorfose de mudanças. Ainda hoje quando me perguntam algumas coisas sobre cólicas e outras assuntos corriqueiros eu não sei responder. Gente tem coisas que parecem foram apagadas da minha memória. Algumas estão bem vivas como o cheiro deles, a canção de ninar dos três, o jeito de mamar. Agora se me perguntarem qual remédio para cólica ou o que fazer quando está nascendo os dentes, não vou saber responder, vou recorrer a minha farmacêutica de confiança. Quando é sobre outras pautas e o que não faltam são assuntos para as mães, eu partilho minha vivência, enfatizando que não quer dizer que é o certo e que cada uma vai aprendendo no dia a dia.

Trocar experiências com outras Mães é enriquecedor. Esses dias falando sobre o cansaço de trabalhar, amamentar a noite e os demais etcs do nosso cotidiano, eu relatei que quando o meu caçula tinha 9 meses, um dia eu estava tão exausta que estava lavando a louça do jantar e as lágrimas escorria quentes em meu rosto e meu marido assustado perguntou o que estava acontecendo: “estou cansada. Chorando de cansaço.” Esse diálogo sobre o cansaço despertou outras memórias, como o processo de desmamar o Arthur. Na sequência da crise de pranto eu tive dois desmaios em uma mesma semana e vi que estava na hora de mudar, de desmamar para ter uma noite de sono reparadora. E foi o que fiz.

É preciso aceitar o seu cansaço, ouvir seu corpo, isso de ser a Mulher Maravilha que consegue dar conta de tudo é um padrão que querem nos impor. Agora estou numa outra fase, meu caçula logo completará 10 anos, meus cabelos brancos pipocam, os sinais da menopausa já acenam, preciso priorizar a saúde, os cuidados com minha qualidade de vida. Minha sensível Isa já é uma adolescente, minha primogênita já é mãe da Peaches e Damian. Sim, eu sou Avó e a nova estação já está repleta de desafios que exigem novas mudanças. Nessa caminhada sigo dialogando com as mães e agradecendo as nossas semelhanças e diferenciais nessa pluralidade que é Ser Mãe.

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meu caçula menino Arthur, energia do afeto

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minha primogênita Bruna, a enigmática Mãe dos meus netos Peaches e DamianIMG-20220206-WA0012.jpg

Minha Menina Isa, o elo sensível

publicado às 15:23


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