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Meu Blog Maternidade. Aqui vou registrando meu aprendizado do cotidiano de mãe. Minhas percepções, desafios, emoções, acontecimentos e sensações únicas da minha jornada maternal. Tenho duas filhas e um filho, três sementes, frutos, presentes AMOR
A morte costuma assombrar os viventes. Muitos não ousam falar seu nome e penso que deveríamos ao menos tentar encarar de outra forma, afinal, ele está presente embora represente a ausência. Quando alguém próximo morre um silêncio profundo se acomoda em meus sentidos. Até uma palavra de conforto é difícil pronunciar porque quem a ouve sequer pode escutar nesse momento. Já me peguei em velórios observando as cenas dos abraços e refletindo sobre como esses abraços não existiram no passado da pessoa que está ali no caixão. Disseram-me que passa um filme em nosso momento de partida e fico pensando nos personagens que habitam essa despedida.
A despedida é também de quem fica ainda por um tempo que não temos como estimar. A morte está conosco agora, nesse instante, porque morrer e viver estão entrelaçados. O corpo que vira cinzas ou que vai para debaixo da terra é uma matéria morta que nos chama a olhar para nossa passagem efêmera. Ainda assim tem muito de eterno na morte porque quem vai fica vivo palpitando na saudade dos nossos passos. Tenho tanto dos meus avôs e avó em meu cotidiano. Do riso solto de padrinho-avô, dos cuidados e orações de minha madrinha-avó e dizem que a sensibilidade de vozinho faz morada em minhas ações. Oxalá que sim e que esses retratos se perpetuem nas próximas gerações.
Falar sobre a morte com as crianças é difícil. Ao ver minha tristeza pela morte da Rita Lee, o meu caçula Arthur me abraçou e eu disse que todos nós chegaremos nessa hora. Ele reagiu como a primogênita dizendo que isso não vai acontecer nunca. Não consegui alongar o diálogo, porém sinto que é necessário retomar essa pauta com frequência para ir preparando esse terreno árido que também pode se tornar fértil. Como fertilizar a aridez da morte? É um desafio que me proponho a exercitar, iniciando pelo que a “perda” dos meus avós significou.
Sempre ouvi: perdi minha avó (ou outro ente querido). O eco da palavra perda evidenciando a dor extrema que sentimos. Um pesar de toneladas que cansa nossa estrutura. Até os ossos doem, os músculos inflamam. Sintomas do luto que cada um passa de um jeito e vai moldando os dias até irem suavizando aos poucos. Há quem diga que a ferida segue sangrando para sempre e eu imagino que sim. As minhas seguem cicatrizando. Como fazer essa abordagem da perda que é tão dolorida? Não há receita mágica para lidar com a morte, mas se apenas evitarmos o assunto vamos criando uma visão hostil do que é uma realidade da existência.
Observar a morte como um personagem pode ser uma maneira de trazer certa leveza para facilitar a conversa. O cinema pode ser uma fonte, assim como a literatura. Pensei na Morte do Gato de Botas, no recentemente filme que assistimos em que o menino perdeu o pai, no poema A morte absoluta de Manuel Bandeira que a Isabelly leu por ocasião de uma atividade escolar e fui relembrando outros filmes e livros ...contar minha própria experiência com as mortes dos meus avós...e aproveitar melhor as oportunidades para dialogarmos sobre essa passagem perene da vida. Será uma forma de fertilizar a aridez? Tentarei...
A morte é o fim? Ou pode ser também um começo?
sou estrada de saudades no ciclo morte e vida
Sou primeira filha, neta e bisneta. Minha filha primogênita também. Em pleno estado de graça, em breve dará luz a tataraneta da minha vozinha. Uau. Que geração de mulheres em diferentes estações. A passagem do tempo enveredando as histórias. Olhando a foto da Bruna bebê, imaginando quais traços dela minha neta terá, fico até perplexa com esse salto atemporal dela se tornando mãe e eu avó. Entre memórias, saudades e perspectivas vou tecendo emoções que desabrocham sorrisos, lágrimas e gratidão pelo presente da vida.
Eu me sinto honrada com essa graça. Presenciar a renovação traz a certeza do quando viver é um ciclo de transformação permanente.
Há muitos sons que nos tocam. Nosso contato com o som acontece desde muito cedo. No ventre materno já começamos nossa jornada auditiva. Os sons nos acompanham por toda vida. Eu tenho meus sons preferidos: a música da maré dançando ao sabor dos ventos; o galo cantando na alvorada; o crepitar do fogo no fogão da casa de minha avó; as vozes dos meus avós rezando o terço; o sino. O sino no compasso do meu coração. O sino anunciando o crepúsculo. O sino marcando o início da novena. O sino é sagrado.
Hoje eu acordei lembrando os sons de minha vida e como eles são especiais. São tantos. Sons da natureza, das canções, das vozes, das casas e sítios dos personagens de minha história. Lembrei-me de uma amiga maravilhosa que sempre aprende e ensina compartilhando poesia acompanhada de sons e ritmos. Certa vez ela nos contou sobre uma região da África na qual cada criança que nasce é presenteada com uma música composta especialmente para ser só sua. Que bela certidão de nascimento. As crianças tem uma ligação muito forte com os sons. A serenidade do sono acalentado por uma canção de ninar é tão sublime. O som é como um manto que abraça nosso corpo, coração e alma.
Nosso cotidiano é repleto de sonoridade. Algumas nem tão saudáveis assim nesse ambiente urbano. No entanto, mesmo nos dias mais agitados temos a possibilidade de nos conectar com sons que nos faz um bem enorme. Eu começo o dia no trabalho com uma seleção de música. É um ritual matinal para iniciar com energia positiva a manhã. Os minutos caminham e os sons dos ônibus, carros, caminhões e motos aumentam e seguem no vai e vem constante. No final do dia, me despeço dos sons urbanos do trabalho e volto ao lar. Os sons da casa são diferentes e adormeço com a quietude do silêncio.
E mãe é tão ligada no filho que ao mínimo som de um resmungo já desperta. Há noites que minha pequena dorme um sono completo. Em várias outras ainda acorda na madrugada no horário que costumava mamar. E a primeira palavra que pronuncia é “mamãe”. Lá vou eu para seu quarto atender seu chamado. Muitas vezes ela está apenas falando dormindo e eu canto baixinho a sua canção de ninar que inventei e seu sono volta a ser profundo:
Lua, lua, luar
Lua Isabelly Luar
Linda Lua no céu a brilhar
Lua vem cantar uma canção de ninar
para a princesa Isabelly nanar...
Compartilhe seus sons da vida.
Maria Ivone Neto Mourão
mivoneneto@gmail.com
Elas crescem e me ensinam que os ciclos são perenes.
Minha Bruna que registra em seu Blog passagens do seu coração.
Minha Isa, criança que nos ilumina.
Meus tesouros sagrados. Minhas sementes e frutos.
Minha menina Terra
Tenho duas filhas lindas. Sei, sei, toda mãe é coruja e sou coruja assumida. Minhas filhas são meus tesouros preciosos. E o quanto valor e aprendizado há na trajetória da maternidade. É uma missão desafiadora e, sem dúvida, uma oportunidade ímpar de evoluir em todos os sentidos.
Minha Bruna é assim TUDO de especial, tem uma essência que vibra nos seus fascinantes olhos verdes e no sorriso encantador. E ela escreve com o coração, com raízes profundas do seu elemento Terra. A Isa tem uma energia radiante, daquelas que contagia todo ambiente. É minha menina das águas que está sempre em movimento. É observadora e tem um olhar de quem tem muita garra para seguir em direção ao seu oceano.
Tenho o céu azul no olhar da Isa e o mais belo tom de verde das montanhas no olhar da Bruna. Terra & Água. Água & Terra. Laço de amor eterno com o pai Terra e a mãe Água. Que sintonia energética poderosa.
É mesmo uma aliança sagrada a maternidade. Como diz a Bruna o amor mais verdadeiro “amor só de mãe”. Sou muita grata pela bênção de ter concebido duas meninas que estão crescendo. Cada uma na sua fase, uma com 15, outra com 1 ano. Quando as vejo juntas sinto uma emoção tão forte e uma felicidade inundar todo meu ser.
Eternamente estaremos juntas! Minhas estrelas, minhas jóias, minhas fortalezas...
Amo vocês!
Semana passada fiquei doente. Difícil a sensação de ter que ficar longe de casa. Dá medo e um certo vazio. Só que Deus é tão maravilhoso que nos permite recuperar e renovar nossas energias para voltar as atividades normais. Foi só um susto, desses que todos estão propensos a passar.
Tenho duas filhas amadas. Sempre digo que são saudáveis, belas e felizes. Uma tem 15, outra 1 ano. Diferença de idade, igualdade no amor. São meus frutos, meus tesouros, meu tudo. Minha Bruna escreve e me sempre me emociona com suas letras. Ela é assim fascinante e me surpreende com sua intensidade.
Quando cheguei do hospital ela tinha escrito:
"Aprenda a valoriza quem mais nos ama, aquela pessoa que NUNCA vai te deixar, que fez TUDO por você. Mãe a senhora é uma RAINHA, mais do que uma rainha, a senhora é um anjo. Mano, ninguém tem a mãe que eu tenho, que brinca comigo, que grita junto cmg, que fala dos gatos junto cmg, que me diverti, que me acha MARAVILHOSA. E é impossível descrever nisso como eu te amo. O meu coração é feito de pedaços e todos são preenchidos com o seu amor. A senhora é o motivo de eu estar aqui, todos os dias. Apenas por você MÃE. Eu iria até o inferno só pra colocar um sorriso no rosto, e eu sei que nada que eu faça na minha vida inteira vai poder mostrar como eu so grata por você ser essa mãe ÚNICA que você é, sem dúvidas a melhor do mundo! Minha amiga, minha estrela guia, minha luz de todos os dias,a minha alma é SUA. É por você que eu respiro minha dádiva ♥"
Como diz minha filha: "amor é só de mãe"
Completando: amor de filha também é único.
A Isa acordou para mamar. E fiquei ali, na penumbra do meu quarto, amamentando meu bebê e recordando dos momentos do sonho e sentindo uma doce paz. Uma sensação de ter flutuado e viajado para uma paisagem tão próxima, na companhia de uma criança tão especial. Voltei a dormir, despertei, prendi meus cachos e não me esqueci do sonho.
E escrevo para agradecer pela visão e emoção despertada por este sonho iluminado. A mandala de estrelas ficará eternamente registrada na minha mente e coração.
Palavra doce...para muitos tem sabor amargo
Eu prefiro senti-la doce...suave
sinto saudades de quem amo: lugares, pessoas, momentos
hoje acordei brincando com a Isa que tem 4 meses
mais adiante sentirei saudades dessa fase
assim como senti da Bruna que hoje já tem 14
por isso é tão maravilhoso brincar com as filhas
me faz lembrar da minha infância
dos personagens que eu inventava divertindo-se nas nuvens
das brincadeiras na praça e no açude
dos avós do sertão...minhas raízes
o cenário mudou
com as meninas brinco na praia, no parque e em casa
mas a sensação de alegria permanece
o riso infantil...o olhar curioso que descobre o mundo
as cores...as imagens...os brinquedos
Sinto muita saudade
e como ela ensina
o quanto é valioso cada passo da caminhada
é livre a saudade
vai e vem como as ondas do mar
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